Desde sua fundação em 1846, a marca não apenas preservou suas tradições artesanais, mas também se adaptou às mudanças culturais e tecnológicas. Sob a direção criativa de Jonathan Anderson, a Loewe rejuvenesceu, combinando o antigo e o novo de maneiras surpreendentes. Esta combinação, por outro lado, vem atraindo um público que valoriza tanto a autenticidade quanto a inovação, que acabaram por solidificar a Loewe como a marca mais desejada no mundo do luxo contemporâneo, mesmo após 178 anos de criação.
No segundo semestre do ano passado (2023), a grife subiu 13 posições e liderou, pela primeira vez, o ranking de marcas mais quentes do ano, segundo o Lyst Index (ranking trimestral das marcas e produtos mais quentes da moda). Mas, agora, em 2024, a marca prova que veio para ficar ao ocupar a 3º posição no mesmo ranking. Parte do sucesso se deve ao brilhantismo de Jonathan Anderson, que não à toa, também foi considerado uma das pessoas mais influentes do mundo pela Time 2024. Mas a pergunta que fica é: por que a Loewe ganhou tanta força e visibilidade no mercado de luxo? A seguir, a IAM Inteligência em Moda aponta os principais aspectos que podem ter levado a marca ao estrelato.
Loewe: marca secular é uma das mais queridinhas entre as gerações Y e Z.
1. História e Tradição
A Loewe é a marca de moda mais antiga do grupo LVMH e foi fundada em Madrid pelo alemão Enrique Loewe. Na época, a marca era uma das menores do grupo. No início, se tratava de uma pequena equipe focada em construir bens duráveis feitos de couro, mas que logo chamou a atenção de clientes notórios como a própria Rainha da Espanha, Vitória Eugênia, e outros nomes famosos do período. O público da Loewe costumava ser mais tradicional e conservador. O que levou a maison, em 1905, a ser nomeada Provedora Oficial da Casa Real Espanhola, um título que solidificou seu prestígio e atraiu uma clientela aristocrática. Esse reconhecimento real foi um dos marcos que ajudou a Loewe a estabelecer uma reputação sólida de luxo e exclusividade, que permanece até hoje, por exemplo.
Loewe: marca secular é uma das mais queridinhas entre as gerações Y e Z.
2. Renovação da grife
A marca passou pelas mãos de uma série de diretores criativos, incluindo Narciso Rodriguez (de 1997 a 2000), José Enrique Oña Selfa (de 2000 a 2007) e Stuart Vevers (de 2008 a 2013). Mas, foi em 2013 que o sucesso exponencial da Loewe começou, devido à nova diretoria de Jonathan Anderson. O estilista trouxe uma nova visão para a marca. Ousado, ele introduziu elementos mais contemporâneos e menos conservadores que se tornaram ícones instantâneos para um público mais jovem e moderno. Exemplo disso é a famosa bolsa ‘Puzzle’ e outros modelos como as bolsas Amazona e a Gate Bag. As inovações de Jonathan foram sutis, leves e criativas. Sem deixar de lado o tradicional, a marca ganhou um plus: a estética minimalista com inspirações mais populares e surrealistas, que brincam com a nossa percepção.
Apesar disso, ao longo dos anos, a marca ganhou peças mais criativas, inusitadas e lúdicas, como os sapatos ‘diferentões’ que conquistaram fashionistas pelo mundo todo. Foi com a criação desses itens mais emblemáticos, que a marca conseguiu
apresentar seu design inovador, versátil, vibrante e mais jovem. Reforçando, assim, a capacidade da Loewe de se reinventar e atrair um público cada vez mais diverso.
3. Celebridades
Não é nenhuma novidade que celebridades mundiais vestem marcas de grife em eventos e afins. Mas o fato curioso é que quase toda vez que uma celebridade usou Loewe, a marca virou ‘hit’ e caiu nas graças do público. Exemplo disso é o icônico look vermelho da tão aguardada Rihanna no show do superbowl ou o macacão mais comentado usado por Beyoncé durante a turnê mundial Renaissance. Ambos foram extremamente comentados na mídia em 2023, devido à espera pelo retorno musical das cantoras, e com certeza serviram de ponte para o crescimento da marca, já que no mesmo ano as buscas por Loewe aumentaram cerca de 20%, conforme o levantamento do Lyst Index.
A marca certa para o momento certo!
Foi-se o tempo em que as redes sociais eram utilizadas apenas para conexões pessoais. Com o crescimento do e-commerce e com a ascensão dos influenciadores digitais, as redes sociais se tornaram espaços onde as tendências são ditadas, as marcas são promovidas e as decisões de compra são altamente influenciadas. A nova geração de consumo é diferente e tem pedido por mais, comparado às gerações anteriores. De acordo com uma pesquisa realizada pela Archival (agência que estuda o comportamento juvenil) em janeiro deste ano, a geração Z busca por marcas que se conectam com ela e que proporcionem essa experiência. Cerca de 84% dessa geração, por exemplo, diz ser mais propensa a comprar de marcas que considera “legais”, reforçando a importância de construir um universo mais autêntico e envolvente.
Por mais de 100 anos, a Loewe se manteve no mercado de luxo devido às suas criações excepcionais. Isso é para poucos. Mas, num mundo cada vez mais digital, frenético e tecnológico, saber se reinventar é uma característica fundamental para o sucesso e para conquistar novos públicos, principalmente no universo da moda. O que coloca a marca nesse ponto de destaque, afinal de contas, é justamente a sua incansável coragem de inovar, para adequar-se ao mundo da atualidade. E é isso que a faz ser a marca certa para o momento certo.