VOCÊ ESTÁ LENDO >> Sustentabilidade confusa: Burberry reduz carbono, apoia agricultura regenerativa mas deixa dúvida sobre escolhas têxteis
POR Giovana Marques | 20 de fevereiro

Intitulada como “Memórias”, a coleção outono/inverno da Burberry para 2020 teve como ponto de partida a vivência e descobertas do atual estilista da marca, Riccardo Tisci. Dentre as experiências, o tempo que viveu na Índia e a recente mudança para a Inglaterra se destacam. Desfilada na última segunda (17), na semana de moda de Londres, um dos objetivos da grife londrina foi apostar na redução de carbono.

Em contrapartida, não fica claro como a marca aplica a sustentabilidade na fabricação das roupas. Exemplo disso é a pouca informação sobre os tecidos utilizados e a dúvida acerca da pele animal: é tudo sintético? Foto: Burberry/Divulgação

O local escolhido para a montagem da passarela elevada foi o Olympia London, centro de convenções que possui certificado de sustentabilidade.

Para além do espaço, a Burberry fez questão de priorizar o transporte elétrico e não utilizar frete aéreo na logística do desfile. Como forma de compensar o carbono já liberado, aposta em agricultura regenerativa, que visa o não empobrecimento do solo e a manutenção de todo sistema de produção, e agrossilvicultura, plantio de árvores no espaço agrícola, através do Pur Projet.

Em contrapartida, não fica claro como a marca aplica a sustentabilidade na fabricação das roupas. Exemplo disso é a pouca informação sobre os tecidos utilizados e a dúvida acerca da pele animal: é tudo sintético? A gente se questiona, mesmo com o anúncio feito em 2018 sobre o fim do uso de coelho, raposa, vison e guaxinim asiático.

Burberry revista

Tisci consegue criar releituras atuais dos códigos da marca. Aposta no mix de xadrez, mas não aquele batido que todos estão acostumados. Recria e abusa do trench coat, que ganha novas texturas, camadas e movimento. Cria uma alfaiataria fina e por vezes inusitada, com cintura marcada, sobreposição de capa e pele à mostra. Pontos de leopardo surgem em meio aos vários tons de bege e o perfume grunge dá o toque perfeito de rejuvenescimento.

A camisa vira amarração na cintura, manga, vestido e saia. O xadrez ganha recortes e argolas douradas.

Transparência, brilho e um toque nada habitual de rebeldia fazem a cabeça da mulher (e do homem) Burberry. Eles cruzaram um piso espelhado ao som de uma junção entre o clássico e o atual, com a dupla de pianistas Katia e Marielle Labèque e a Dj venezuelana Arca.

Desejo por juventude. Além disso, é notável que a Burberry busca se alinhar ao momento – mais que necessário – de sustentabilidade. Entretanto, falta aplicar tal vontade em mais âmbitos e se posicionar com maior firmeza.



ESCRITO POR Giovana Marques

COMPARTILHAR

COMENTÁRIOS

LEIA MAIS EM Ponto de Vista

22 de outubro

Por dentro da moda: 5 dicas essenciais para quem quer ser um Fashion PR

A carioca Raquel Fejgiel lança alguns conselhos para quem deseja trabalhar como assessora de imprensa...

por Raquel Fejgiel
22 de janeiro

Memória adolescente de Coco inspira nova coleção da Chanel

Virginie Vivar revisita o passado da maison em busca de essência, leveza e força

por Giovana Marques
15 de dezembro

Retorno de Elle Brasil: uma análise do jornalismo de moda

Sob o comando da editora Susana Barbosa, a revista retorna com um novo olhar para a moda brasileira

por Ivan Reis
21 de outubro

Cavalera milita (e convence) em desfile na SPFW

Marca sensibilizou plateia e passou mensagem sobre a importância e a necessidade de respeitar a...

por Zeinab Bazzi

ÚLTIMAS POSTAGENS

Arraste para o lado
13 de julho

Jornalismo de beleza: o que mudou na editoria que tanto ditava regras para as mulheres?

Editora de beleza da Glamour Isabella Marinelli reflete a nova fase deste segmento do jornalismo

por Isadora Vila Nova
13 de julho

5 reflexões sobre o Jornalismo de Beleza na Revista Glamour por Isabella Marinelli

Editora revela os pilares inegociáveis da revista Glamour quando o assunto é texto e imagem de beleza

por Clara Nilo
13 de julho

Raio X da Glamour Brasil: os pilares que fazem a revista se diferenciar no mercado

Renata Garcia, diretora de conteúdo da Glamour, explica como a revista se mantem relevante para seus leitores

por José Eduardo Chirito
13 de julho

Um passeio pela história e reinvenção da Glamour com Renata Garcia

A diretora de conteúdo relembra a trajetória do título e comenta a reformulação editorial para atender o novo leitor

por Gabriela Leonardi
13 de julho

Tecnologia a favor da transparência da produção: o que é blockchain na moda de luxo?

Compreenda como a nova tecnologia irá impactar a dinâmica de consumo do mercado da alta-costura

por Jefferson Alves
13 de julho

Luanda Vieira: como o medo e a comparação não podem matar nossa carreira

A criadora de conteúdo abre as cortinas para os bastidores de sua carreira em grandes revistas e no universo digital

por João Pascoal
22 de novembro

Geração Z e consumo: 7 insights para você entender melhor o público jovem

Totalmente conectados e imersos nas mídias sociais, esses jovens trazem novas expectativas e comportamentos ao mercado.

por Carolina Duque
21 de novembro

Jonathan Anderson: o visionário diretor criativo por trás da grife espanhola Loewe

Conheça mais sobre o diretor criativo da Loewe, a marca de luxo mais queridinha do momento

por Carolina Duque