VOCÊ ESTÁ LENDO >> Um passeio pela história e reinvenção da Glamour com Renata Garcia
POR Gabriela Leonardi | 13 de julho

A diretora de conteúdo relembra a trajetória do título e comenta a reformulação editorial para atender o novo leitor

O jornalismo impresso buscou formas de renovação com a ascensão da internet e das mídias digitais, e a queda de 28% da circulação impressa em 2021, segundo o IVC (Instituto Verificador de Comunicação), o que reforça o desinteresse do público com o modelo impresso. Com a queda na distribuição e a chegada dos novos formatos de comunicação que surgiram nas redes sociais, foi preciso se reinventar para continuar relevante e atrair o olhar do público. Ao perceber a ausência da publicação nos locais de consumo, a percepção do leitor sobre a versão física mudou.

Mais do que nunca, o consumidor passou a valorizar a revista impressa como um item valioso, que agora possui um novo significado e representa lazer e tempo de qualidade fora do mundo digital. Reconhecendo a importância de abordar essa mudança no mercado editorial, a diretora de conteúdo da Glamour Brasil, Renata Garcia, apresentou, em uma aula de jornalismo de moda da ESPM, as principais implementações e características da nova revista impressa consumida por milhares de amantes da moda, mas, antes de nos debruçarmos nessa mudança, vamos fazer um passeio pela história do veículo.

A história da Glamour e sua chegada ao Brasil
Publicada pela primeira vez nos Estados Unidos em 1939, a revista — até então chamada “Glamour of Hollywood” — focava no estilo de vida e histórias das estrelas glamorosas. Em 1943, o título deixou parte do nome para trás, e se tornou apenas Glamour. Como a comunicadora enfatiza, o veículo foi se transformando para espelhar o comportamento da época, com foco na entrada das mulheres no mercado de trabalho:

“A história da Glamour diz muito sobre a marca e o nosso posicionamento como um todo, sendo pioneira em muitas pautas importantes para o universo da mulher, como o aborto e a moda acessível”, afirma a repórter.

Em 2012 o veículo editorial fez sua estreia no Brasil como uma revista pocket  —  em um momento em que as redes sociais estavam começando a ser mais presentes na vida cotidiana — embora ainda não tivessem se tornado “inimigas” dos meios impressos. A diretora de conteúdo relembra como as tiragens das revistas eram muito mais volumosas, além da variedade de material editorial no mercado, que hoje é mais escassa.

Ao longo dessa história, o título foi precursor de mudanças no cenário editorial. Garcia, no decorrer da aula aborda as inovações que aconteceram. Como colocar, pela primeira vez, uma influenciadora em uma das capas de suas edições, o que até então não havia sido feito por nenhum outro lugar — fato importante para expandir a compreensão sobre a amplitude da marca no mercado.

O relançamento da revista
A partir da dominação do digital em todas as esferas, incluindo a mídia tradicional, a publicação buscou um reposicionamento no mercado, e em 2022 passou a lançar suas edições impressas de forma semestral — maio e setembro — com cuidado diferenciado na diagramação.

Em parceria com a empresa londrina Studio Drama, foi apresentado um layout editorial com tipografia da era Art Déco, e utilizou-se a chamada poesia concreta —  uma forma de arte em que o significado do texto é refletido por sua estrutura visual.  Conforme o cofundador, William Richardson, os designers visitaram a Reference Point, uma biblioteca londrina que reúne livros raros e materiais impressos para fornecer inspiração criativa para o processo. A interação constante com a equipe da revista auxiliou no resultado visto nas edições, que têm um apelo luxuoso e acabamento deluxe.

 

“Nós adaptamos esse projeto para o digital de acordo com as individualidades das redes sociais. O resultado foi bem interessante e todos se encantaram, porque é algo bem diferente do que é visto no mercado”, analisa a jornalista. Agora, para ampliarmos nossa perspectiva para além de sua estrutura, precisamos nos aprofundar na intenção dos textos que compõem suas páginas.

A linha editorial do título é focada na celebração das mulheres, e dessa forma, as pautas das edições físicas tendem a trazer reflexões e reportagens que abordam de maneira profunda e delicada as questões da mulher jovem. O periódico comandado por ela é um espaço seguro de sororidade, que aborda temas importantes com um toque leve, e sua reinvenção transmite com sucesso essa proposta de acolhimento prometida em suas matérias para fortalecer a conexão com suas leitoras.



ESCRITO POR Gabriela Leonardi
Formada em Jornalismo pela ESPM Rio, é apaixonada pela moda e sua relação com todas as áreas que impactam a sociedade. Possui certificação em Moda e Sustentabilidade pelo IED Rio e também está se aprofundando no Mercado de Luxo da Moda.

Formada em Jornalismo pela ESPM Rio, é apaixonada pela moda e sua relação com todas as áreas que impactam a sociedade. Possui certificação em Moda e Sustentabilidade pelo IED Rio e também está se aprofundando no Mercado de Luxo da Moda.

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