VOCÊ ESTÁ LENDO >> Quiet Luxury: uma resposta para o tempo dos excessos e muitos ruídos
POR Alexandre Souta | 18 de abril

Em alta: o luxo silencioso ganha espaço e estética na discrição no qual simplicidade e elegância são palavras de ordem

A tendência do momento é o Quiet Luxury, que vem aparecendo bastante na mídia, principalmente nas últimas semanas, com o final da série americana da HBO Succession, que conta com um figurino impecável que traduz a palavra sofisticação. Desta vez, a estética mais simplista surge de forma diferente do que foi visto em 2008 e retomado em 2014, conhecido como “normcore”, que defendia a ideia de sentir-se bem e confortável no dia a dia, mesmo usando peças básicas. Agora, o estilo aparece com uma abordagem diferente: o luxo discreto, apresentado de forma sutil através de cores sóbrias, alfaiataria e camisas brancas simples, porém de grande valor, tanto estético quanto monetário.

Quiet luxury: um luxo que nega o excesso no comportamento de consumo e na estética. A ordem é qualidade e imagem sóbria. (Foto: Reprodução)


Denominada de
Quiet Luxury, essa tendência foge de logos enormes e um show de estampas e cores neon. Por aqui, o que predomina são peças imponentes em sua simplicidade, que mesmo com um ar austero, e para muitos até chato, são uma verdadeira declaração de poder e elegância. O Quiet Luxury pode ser traduzido como “luxo silencioso”, que não chama atenção pelo brilho, cor ou shapes inusitados, mas sim por um ar de sofisticação e preciosismo.

LUXO E SUA DEFINIÇÃO – MESMO QUE COMPLEXA NOS TEMPOS ATUAIS

Antes de mergulharmos neste mundo onde o luxo sussurra e se faz presente nos detalhes e na descrição, precisamos de algumas definições de luxo, já que seu conceito é estudado por diversas áreas além da moda. Sua definição não é simples, e tudo depende do olhar, mas, independentemente da vertente, o que se assemelha é o fato de que produtos e serviços de luxo têm qualidade, estética, preço e imagem de marca superiores aos outros.

A palavra luxo vem do latim “lux”, que significa brilho. No Quiet Luxury, entretanto, o brilho quase não entra em cena. O que chama a atenção é a leveza, simplicidade e sofisticação combinadas. E não se trata apenas da aparência; a durabilidade, materiais, vida útil das peças, qualidade e códigos contam bastante. Os itens têm uma aura silenciosa e atemporal, com um ar básico que os vai ficar fora do closet por muito tempo. Marcas como The Row, Brunello Cucinelli, Loewe, Max Mara e Dries Van Noten são referências nesse tema.

Além da qualidade, aqui a longevidade dos materiais, por meio de peças como couro sustentável, seda, lã e algodão, em vez de náilon e poliéster, faz com que a durabilidade e o preço dessas peças sejam ainda mais elevados. Não é um estilo óbvio somente pela aparência, mas possui aquela vibe de “quem conhece, sabe”. A riqueza se faz presente nos detalhes em peças atemporais, como ternos mais soltos, básicos, com bons cortes, qualidade de tecidos em tons neutros, praticidade de movimento e muita seriedade.

Uma pesquisa da Vogue realizada em agosto de 2022 constatou que a qualidade dos produtos de luxo é a característica mais relevante para 52% dos compradores. Não basta ser somente bonito, é preciso que seja durável, preferencialmente para a vida toda. É como investir seu dinheiro, mas em roupas e acessórios de qualidade. Além da estética minimalista, básica e limpa, o Quiet Luxury tem como característica peças bem acabadas e mais caras. Peças de alto valor são consideradas um investimento. Um estudo realizado em 2016 pela BagHunter, plataforma de compra e venda de bolsas de luxo, mostrou que a compra de um modelo Birkin, por exemplo, poderia render mais do que investir no mercado de ações.

ALÉM DA TRADIÇÃO E ENDOSSOS: LUXO NA ATEMPORALIDADE

Mas o Quiet Luxury não se limita apenas às marcas de luxo renomadas. Empresas que não são consideradas luxuosas também estão aderindo a esse movimento, pois muitos defendem que a qualidade e shapes atemporais são sinônimo de luxo, independentemente da marca. Trata-se de fazer escolhas inteligentes e investir em peças duradouras que podem durar a vida toda. Mas se a etiqueta não é aparente, o que define o luxo silencioso? É o valor ou o estilo?

Essa é uma pergunta que não tem uma resposta simples, mas essa tendência está ganhando cada vez mais espaço no guarda-roupa e na forma como as grandes empresas se comunicam, abandonando extravagâncias e buscando designs mais minimalistas e limpos. Um ótimo exemplo é a mudança de logo de várias marcas famosas que estão apostando em um design mais simples, mas sem perder sua personalidade. A moda e a comunicação estão sempre se adaptando, e desta vez, o estilo mais simplista está falando mais alto.



ESCRITO POR Alexandre Souta
Formado em Publicidade e Propaganda, Fashion Business e Cool Hunting, é apaixonado por moda e comunicação desde criança. É diretor criativo e social em uma agência de publicidade em Brasília.

Formado em Publicidade e Propaganda, Fashion Business e Cool Hunting, é apaixonado por moda e comunicação desde criança. É diretor criativo e social em uma agência de publicidade em Brasília.

COMPARTILHAR

COMENTÁRIOS

LEIA MAIS EM Moda

12 de maio

Deserto do Atacama: o lixão da indústria têxtil que recebe descartes de todo o mundo

Roupas de grandes marcas são descartadas em aterros clandestinos em uma das principais paisagens da América do Sul

por Renata Marins
16 de março

Curso de Moda em Londres pelo Instagram: um jeito de ter conteúdo, conhecimento na palma da mão

Já pensou em fazer um curso de moda em Londres sem precisar pegar um voo...

por Andreia Meneguete
9 de dezembro

Jornalismo de Moda: e se a autora Clarice Lispector fosse capa da Vogue?

No mês que Clarice Lispector faria 100 anos, conheça a relação da escritora com o jornalismo de moda

por Ivan Reis
17 de setembro

Burberry lança aplicativo para clientes VIP

Em parceria com a Apple, ferramenta promove aproximação com o público, estimula as vendas e...

por Giovana Marques

ÚLTIMAS POSTAGENS

Arraste para o lado
13 de julho

Jornalismo de beleza: o que mudou na editoria que tanto ditava regras para as mulheres?

Editora de beleza da Glamour Isabella Marinelli reflete a nova fase deste segmento do jornalismo

por Isadora Vila Nova
13 de julho

5 reflexões sobre o Jornalismo de Beleza na Revista Glamour por Isabella Marinelli

Editora revela os pilares inegociáveis da revista Glamour quando o assunto é texto e imagem de beleza

por Clara Nilo
13 de julho

Raio X da Glamour Brasil: os pilares que fazem a revista se diferenciar no mercado

Renata Garcia, diretora de conteúdo da Glamour, explica como a revista se mantem relevante para seus leitores

por José Eduardo Chirito
13 de julho

Um passeio pela história e reinvenção da Glamour com Renata Garcia

A diretora de conteúdo relembra a trajetória do título e comenta a reformulação editorial para atender o novo leitor

por Gabriela Leonardi
13 de julho

Tecnologia a favor da transparência da produção: o que é blockchain na moda de luxo?

Compreenda como a nova tecnologia irá impactar a dinâmica de consumo do mercado da alta-costura

por Jefferson Alves
13 de julho

Luanda Vieira: como o medo e a comparação não podem matar nossa carreira

A criadora de conteúdo abre as cortinas para os bastidores de sua carreira em grandes revistas e no universo digital

por João Pascoal
22 de novembro

Geração Z e consumo: 7 insights para você entender melhor o público jovem

Totalmente conectados e imersos nas mídias sociais, esses jovens trazem novas expectativas e comportamentos ao mercado.

por Carolina Duque
21 de novembro

Jonathan Anderson: o visionário diretor criativo por trás da grife espanhola Loewe

Conheça mais sobre o diretor criativo da Loewe, a marca de luxo mais queridinha do momento

por Carolina Duque