VOCÊ ESTÁ LENDO >> 5 reflexões sobre o Jornalismo de Beleza na Revista Glamour por Isabella Marinelli
POR Clara Nilo | 13 de julho

Editora revela os pilares inegociáveis da revista Glamour quando o assunto é texto e imagem de beleza

Isabella Marinelli é jornalista e editora de beleza da Glamour Brasil, uma das maiores revistas de beleza em veiculação do país. Feminista e inquieta, como ela se descreve, é uma das responsáveis por transformar a maneira que se escreve sobre beleza para a Geração Millennial e Z.  Entendendo que o tema vai muito além da superfície e do que é puramente ditado nas redes sociais, Marinelli apresentou os pilares editoriais inegociáveis que estão dentro do “Jeito Glamour” de falar sobre beleza para a turma do curso de Jornalismo de Moda, Beleza e Lifestyle, da ESPM, em parceria com a própria revista, ministrado pela jornalista Andréia Meneguete.

Tão complexo quanto qualquer outra editoria
Para Isabella, as dificuldades de fazer jornalismo de beleza se equiparam às outras modalidades da profissão. “A beleza existe dentro de um universo complexo, no qual todos estão vivendo. E o jornalismo de beleza tem tantas complexidades como qualquer outro viés de jornalismo”. Ela deixa claro o quão ultrapassada é a ideia de que beleza é um assunto raso ou fútil.

Na verdade, para jornalistas, esse é um tópico que requer preparação, apuração e compromisso como qualquer outro. Ao longo de sua palestra, a jornalista elucida algumas das muitas camadas que existem quando alguém se propõe a escrever sobre beleza para além do superficial.

Nunca é só sobre beleza
Seguindo a lógica da complexidade do tema, a comunicadora relembra todas as responsabilidades e cenários por trás do assunto. “Beleza também é sobre comportamento, socialização, contexto socioeconômico, política e tecnologia”. Ela ressalta que, diante do que podemos observar, como o crescimento de uma agenda conservadora — que também afeta o universo da moda e da beleza —, é necessário reafirmar os pilares inegociáveis.

Para a Glamour, a diversidade de corpos, cores e pessoas no geral não é uma estratégia de venda. Muito pelo contrário, enquanto muitas marcas “dão para trás” nestes quesitos, o editorial segue acreditando e investindo na ideia de que representatividade não é apenas uma tendência.

Uma das demonstrações deste movimento constante da publicação foi a capa mais recente de sua versão digital com a artista Linn da Quebrada, que deu uma entrevista exclusiva falando sobre seu retorno aos palcos após ter se distanciado de sua carreira.

Conheça o seu público
Além de compreender o que será dito, é preciso conhecer quem irá consumir seu conteúdo. O público do periódico é, majoritariamente, composto pela Geração Millennial, mas a revista está sempre de olho e em diálogo com a Geração Z — que, sabemos, é responsável por propagar uma quantidade massiva de tendências. A editora explica que os leitores têm, sim, o poder de compra, mas, para além disso, querem ser ouvidos, incluídos e, principalmente, desejam consumir com consciência. O que nos leva ao quarto pilar…

Além do último lançamento
A sensação de sempre estar ficando para trás do último lançamento de beleza é quase que geral e o esgotamento do consumo é um fenômeno latente. Lançamentos que, antes, aconteciam periodicamente, hoje acontecem com o espaço de poucas semanas ou até mesmo dias. É impossível ou pelo menos cansativo acompanhar todos e é por isso que o conteúdo precisa ir além da venda. É preciso informar e impactar, de forma consciente e profunda, com informação precisa e minuciosamente apurada, mas também, como diz Isa, com diversão e liberdade — o verdadeiro  “Jeito Glamour”.

 

Conteúdo horizontal
A editora relembra que, há 10 ou 20 anos atrás, se abríssemos uma revista, íamos nos deparar com matérias e chamadas sobre o que usar ou não de acordo com cada corpo, pele e cabelo – não como uma sugestão, mas como forma de imposição para que seguíssemos os mesmos padrões de beleza.

Ela reforça que, hoje, “já não cabe mais falar que uma pessoa tem que fazer uma coisa ou não, ninguém tem que nada” e de forma alguma a leitora vai querer ser colocada neste lugar. Com as redes sociais, principalmente o Tiktok, o acesso aos conteúdos “how to do” estão, literalmente, na palma das nossas mãos. Por isso, o papel da comunicadora vai muito mais para um local de fazer a curadoria e apuração, entendendo qual a melhor e mais aprofundada forma de falar sobre o assunto, do que para o lugar de ser a detentora total do conhecimento —  o conteúdo precisa ser horizontal.

 “A gente vive numa economia da atenção, então você tem que entregar para ela [a leitora] um conteúdo que ela não tenha visto ainda. […] Se a gente souber fazer jornalismo em formatos que sejam interessantes, que as pessoas tenham vontade de consumir, a gente ganha muito”, conclui a editora.

A palestra da repórter vem como um respiro de esperança em meio a um caos de vídeos repetitivos, trends massivas e do encorajamento ao consumo desenfreado das redes sociais. Diante de um cenário que valoriza o raso e o eticamente duvidoso, é reconfortante e encorajador saber que os critérios ainda existem, são recheados de conteúdos substanciais e feitos com propósito. Marinelli reforça, repetidamente, que esse ofício, antes de tudo, tem uma função social – e o jornalismo de beleza não é uma exceção a essa regra.



ESCRITO POR Clara Nilo
Jornalista curiosa por natureza e apaixonada por moda, beleza e consumo. Tem um olhar atento para a área de entretenimento e acredita na moda como ferramenta política. É certificada em Relações Públicas Digitais, Pesquisa de Marketing & Tendências de Consumo e Comunicação Estratégica & Mídias. Adora conhecer novos restaurantes, passar tempo com seus gatos e colecionar velas aromáticas.

Jornalista curiosa por natureza e apaixonada por moda, beleza e consumo. Tem um olhar atento para a área de entretenimento e acredita na moda como ferramenta política. É certificada em Relações Públicas Digitais, Pesquisa de Marketing & Tendências de Consumo e Comunicação Estratégica & Mídias. Adora conhecer novos restaurantes, passar tempo com seus gatos e colecionar velas aromáticas.

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