VOCÊ ESTÁ LENDO >> As estratégias da gigante Condé Nast para manter seu império na era da informação
POR Julia Groppo | 23 de outubro

É sabido que, nos últimos anos, a internet virou o mercado editorial de ponta cabeça. A informação saiu do papel e tornou-se acessível a um clique de distância. Devido a isso, as revistas passaram então a se comportar como marcas e a usar o digital como uma extensão do conteúdo produzido para o impresso, e vice-versa, tudo para não caírem no esquecimento da era globalizada e serem usadas “para embrulhar peixe”, assim como os jornais impressos. Além de investimentos em seus sites, algumas publicações criaram aplicativos e passaram a dedicar mais tempo ao conteúdo online, criando ações e apostando na interatividade com o público por meio das redes sociais, como o Instagram, o Facebook, o Snapchat e o Youtube.

Destaque no mercado editorial, a Condé Nast é reconhecida globalmente por produzir os melhores conteúdos de moda e lifestyle desde a sua fundação em 1909

Destaque no mercado editorial, a empresa de mídia global Condé Nast que produz revistas, sites e conteúdo digital desde sua fundação, em 1909, hoje reúne leitores, seguidores e fãs no mundo todo. Fazem parte de seu portfólio publicações como Vogue, Glamour, GQ e Allure. Além disso, a empresa opera restaurantes e ações de educação e a Condé Nast Entertainment é responsável por desenvolver filmes, televisão e programação de vídeo premium. Ufa! Com grande know how do mercado, a empresa, que se viu desafiada a manter seu império mesmo com o advento da internet, passou a investir em projetos e ações no mundo digital, visando levar seu destaque no mercado editorial para o mercado online. Mas, apesar do reconhecimento da necessidade de se reinventar, a Conde Nást reconhece seu valor por meio de suas publicações impressas.

A diretora de marketing da Globo Condé Nast, Giuliana Sesso, em entrevista para o site Propmark, afirmou que as mídias [impressa e digital] não se anulam, pelo contrário, servem como uma forma de dar continuidade às discussões que foram iniciadas nas edições do impresso. Ela fala ainda sobre como é importante, também, fazer com que o conteúdo impresso seja uma necessidade à leitora, mesmo com a facilidade de ter o mundo traduzido no mercado digital em suas mãos. É importante aprender a linkar as informações e fazer com que sejam complementares, fazendo com que a leitora afilie-se à uma marca, não a um produto – daí também a importância do mercado editorial saber transformar-se em marca de grande poder e carregada de propósito.

“Tiramos as informações do papel e proporcionamos experiências aos consumidores. Temos um calendário gigante e eventos com clientes de várias marcas […] A Vogue, por exemplo, é muito empoderada e traz assuntos bem importantes. Esse público aguarda o material chegar em casa. No caso da Glamour, a leitora é mais conectada, jovem. É uma revista com formato pequeno, como um guia de bolsa. Esses fatores estimulam o consumo físico das revistas”, explica.

O que vem por aí
E não para por aí: neste ano, a potente fornecedora de conteúdo anunciou uma parceria editorial com a maior plataforma global de comércio eletrônico, a Farfetch. Com o objetivo de criar uma experiência de compra, unindo conteúdo e consumo – o que no marketing chamamos de Branded Content -, esse casamento promete muitos frutos. Todo o conteúdo editorial da grande Condé Nast se unirá ao e-commerce, que possui grande visibilidade mundial, plataforma de alta tecnologia e de grande logística. O trabalho será iniciado com a Vogue e a GQ nos Estados Unidos e pretende se expandir. Sobre a parceria, Anna Wintour, diretora artística da Condé Nast, comentou: “Eu sempre acreditei que o que separa a Condé Nast é a nossa voz e nossa visão. A parceria com a Farfetch só melhora isso e traz uma nova dimensão para tudo o que oferecemos ao mundo”.

Quando o New York Times navegou
Nessa onda digital, o desafio é permanecer no radar do público com originalidade para, além de ser lembrado, ser considerado um produto desejo, principalmente quando o assunto é a informação, que, sabemos, deixou de ser monopólio de jornalistas e grandes veículos de informação há um tempo.

 

O tradicional jornal de Nova York, The New York Times, embarcou em uma reformulação composta por investimentos na área digital em 2013, ano em que passou a  investir tempo, criatividade e dinheiro em uma plataforma online toda em português, com foco para o público brasileiro. No mesmo ano, foram anunciados investimentos em comércio eletrônico e jogos. Na época, o presidente executivo do jornal, Mark Thompson, afirmou que o principal objetivo era criar uma família de produtos, transformando o jornal em uma marca, e gerar proximidade com seu público não só americano, mas do mundo todo. Em julho de 2015, a plataforma atingiu 1 milhão de assinantes online, resultado de anos de investimento no universo online.

Aos nossos olhos, tais mudanças podem ter passado despercebidas, de forma tão rápida quanto ocorre em uma atualização no seu feed de notícias do Facebook ou na timeline do seu Instagram, mas para o mercado editorial o choque e o desafio foram igualmente grandes e até hoje surtem efeitos; o que vemos é um mercado em constante inovação e busca para jamais ser esquecido na era do constante F5.



ESCRITO POR Julia Groppo

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