Já imaginou um conturbado chá entre punks e a realeza vitoriana? Essa foi a inspiração de Reinaldo Lourenço em seu desfile de inverno 2020. Um estilo mais tradicional, repleto de alfaiataria, mas que foge da ideia de distância e superioridade elitista.
Peças estruturadas clássicas, misturadas à rebeldia punk, ilustram a dicotomia das atuais relações. (Foto: Jennifer K Liu)
No momento conturbado pelo qual o mundo passa, peças estruturadas clássicas, misturadas à rebeldia punk, ilustram a dicotomia das atuais relações: aliados e inimigos, bem e mal. Entretanto, esta separação (mesmo quando os elementos são apresentados em conjunto) pode parecer muito simplista, maniqueísta.
Fugindo das informalidades do sportswear, Reinaldo trouxe muito couro à passarela, – o material que sempre esteve presente em criações do estilista, se juntou à ilhoses e materiais mais leves (como seda e bordado inglês) -.
Nesta intersecção inusitada, também vemos golas, mangas bufantes e babado – detalhes clássicos da nobreza do final dos anos 1800, mas atualizados -. E também vestidos românticos, que trazem consigo um ar de inocência.
Protesto até que ponto?
Outro ponto que chama a atenção – e foi visto em outros desfiles, como o da Ellus – é o uso da tendência militar. O estilo, que surgiu em 1940, durante um período conturbado de guerras, volta à tona como forma de resistência. Afinal, Moda é protesto.
Entretanto, todos os modelos que passaram pela passarela ainda seguem as formas padrão da indústria (contradição presente até então nos desfiles desta edição da SPFW).