Negro e baiano. Em perspectiva, o estilista Isaac Silva não teria tido espaço no SPFW. Ele, e outros, têm avançado com suor e esforço. No último dia do evento, o designer apresentou uma coleção repleta de afeto, onde cada um presente na sala de desfile fez parte da cenografia, com sal grosso e arruda em mãos.
O seu discurso defende, em uma perspectiva de reparação histórica, a maior representatividade de negros na Moda.
Acredite no seu Axé, coleção estreia de Isaac Silva no evento, foi uma das mais ovacionadas. Foto: Agência Fotosite
A apresentação era uma das mais esperadas (e superou expectativas): referências às religiões afro-brasileiras cobriram corpos negros. Certamente, muitas pessoas que estavam na sala de desfile ou carregando os seus smartphones em qualquer lugar do mundo se identificaram com a obra. Sujeitos que cresceram com poucos referenciais imagéticos de “si”.
Fé no seu axé
“Acredite no Seu Axé” (título da coleção) foi repleta de looks brancos em diferentes peças: macacões, vestidos longos e curtos, jaquetas etc.
Alusões aos Orixás, com conchas e búzios, compunham os visuais. A dupla de modelos Carmelita e Samira foi a responsável por representá-los logo na abertura: uma é Oxalá e a outra, Iemanjá.
Seguindo uma tendência de todo o evento, peças de streetwear também passaram pela passarela, com destaque à jaqueta com o nome da coleção (que já virou febre entre fashionistas).
E com este desfile, a SPFW não poderia ter terminado de forma melhor: dando voz para quem tanto foi (e ainda é) silenciado.