“E se as mulheres governassem o mundo?”. Foi com esta reflexão que Maria Grazia Chiuri apresentou ontem o desfile de alta-costura verão 2020 da Maison Dior, inspirado na artista feminista Judy Chicago, que também colaborou com a produção do cenário.
Apresentação celebrou formas clássicas em uma releitura, teoricamente, atual. Foto: Daniele Schiavello / Gorunway.com
A ideia da coleção foi explorar o aspecto divino da figura feminina, reproduzindo de forma moderna a estética greco-romana. A inspiração veio quando a estilista observava estátuas das divindades pagãs em Roma e as pinturas de Botticelli, após refletir sobre a participação da mulher na formação da cultura ocidental.
Orgulhosa de ser a primeira mulher a comandar o ateliê Dior – onde já figuraram nomes como Saint Laurent e John Galliano –, Chiuri não mediu esforços para criar deusas na passarela.
As suas mulheres trajavam franjas, drapeados e plissados em tailleurs e saias, a maioria em tons metálicos. Saltos deram espaço às sandálias, oferecendo conforto e complementando a leveza dos movimentos dos tecidos.
Representatividade no Olimpo
Entretanto, a estilista foi criticada pela Vogue Americana por dizer celebrar a figura da mulher, mas não quebrar as convenções da alta costura e incluir mulheres de “todas as idades, formas e culturas”.
Apesar da beleza da coleção e a impressão de liberdade passada pela leveza dos tecidos, parece que a Dior ainda se mantém presa aos corpos magros e jovens, trazendo à memória a obsessão do fundador da marca com as cinturas finas no fim dos anos 40.