Simples assim: um banquete de óculos, acompanhado de uma fartura de relógios tudo sob o esquema self service e finalizados com um toque de pimenta. Foi essa a receita que deu vida as mais de 740 lojas da Chilli Beans espalhadas por todo o mundo. O chef da receita? Caíto Maia, que acertou no ponto para acompanhar a diversidade da geração que se projetava junto com sua marca, em 1997.
Nem tão simples assim. Até o fim dos anos 90, Caíto tentava consolidar a carreira como roqueiro na sua banda Las Ticas Tienem Fuego. E, enquanto ela teimava em não ir para frente, ele colocou a mão na massa e passou a vender óculos de sol que comprava na Califórnia. Só os amigos de Caíto esvaziavam as malas com os modelos importados, que não eram tão baratos quanto os dos camelôs e nem tão caros quanto os das óticas. Na época, algo em torno dos 50 reais. Passou, também, a desenhar modelos e importar da China. Lançou, então, a Blue Velvet, uma atacadista de óculos, que apesar de apresentar bons índices de vendas, não gerava fluxo de caixa: pagava seus fornecedores à vista e vendia a prazo no atacado. Até que dois clientes deram o calote e a empresa faliu.
Mas, desistir não fazia parte do vocabulário de Caíto. Ele apostava na lacuna e, depois de muito esforço, transformou o embrião na empresa que conquistaria jovens de todo o mundo. Aposta certeira! Hoje, a Chilli Beans representa a maior rede especializada em óculos escuros e acessórios da América Latina, com pontos de venda no Brasil, Portugal, Estados Unidos, Colômbia, Kuwait, Peru, Abu Dhabi, México, Chile e Tailândia. Fatura R$ 500 milhões por ano e gera mais de 3.500 empregos diretos.
Quem conhece, o admira. Desde o passado se faz presente. Faz questão de acompanhar cada etapa da produção de seus produtos. E a produção é insana! A cada semana, dez novos modelos são lançados no mercado. Extrovertido, falante e humilde. De passo em passo construiu um império que conversa com todas as classes, gêneros, estilos e gostos.
Caíto pode ter desistido da banda. Mas, o ar despretensioso e aberto à diversidade e a vontade de se comunicar com várias tribos que carregava em seus shows prevalecem até hoje na identidade das peças. E, talvez, essas características que concretizaram o DNA jovem e irreverente da marca tenham sido a cereja do bolo para o sucesso… ou melhor, a pimenta. (por RAÍSSA ZOGBI)